"Chavismo" será tema no ENEM e vestibular


‘Chavismo’ é tema certeiro no Enem e também no vestibular

Por Gabriel Nascimento - gabriel.arouca@folhadirigida.com.br
Crédito: Agência Brasil
Hugo Chavez, ao lado de Dilma Rousseff, quando o presidente venezuelano esteve em Brasilia, no ano de 2011
Em tempos de preparação para os vestibulares deste ano e para o Enem, os candidatos buscam estudar matérias compatíveis com os programas dados nas avaliações anteriores. Porém, em algumas matérias, como História e Geografia e até mesmo a Redação, o caso é o contrário: é sempre solicitado ao aluno que ele discorra sobre um acontecimento atual e seus reflexos políticos, econômicos ou ambientais na sociedade.

O recente falecimento do presidente venezuelano Hugo Chávez é uma grande aposta de especialistas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros vestibulares pelo país afora. O professor de geografia Alexandre Chaves, que leciona no Centro Educacional da Lagoa (CEL), explica um pouco dos efeitos do Chavismo na Venezuela, fala da relação do ex-presidente venezuelano com o Brasil e os Estados Unidos, do que representava Hugo Chávez a America Latina e sobre como todas essas questões podem cair no vestibular deste ano.

“Para começar, é importante que o aluno que iniciará os estudos sobre o governo de Hugo Chávez tenha noção que para a política e para história da Venezuela o Chavismo teve extrema relevância. Desde que Chávez assumiu o governo venezuelano, em 1999, ele tem relação com uma política que chamou de Bolivariana, que realizou, com uma política de redistribuição de renda, grandes mudanças em relação ao governo anterior. Por essa característica, alguns rotulam o Chavismo como uma ideia de um líder muito populista. O que está correto.”

O professor Chaves ainda destaca que, com essa política de governo, Chávez  alcançou um índice de 30% de redução da pobreza na Venezuela desde o início de seu primeiro mandato, fato de extrema importância ao estudante. “Essa era a principal ideia de Chavismo: a redução da pobreza do país por meio da redistribuição de renda através de programas sociais. Mas isso pode ser interpretado de duas maneiras: correntes mais conservadoras entendem que essa era uma postura mais populista, utilizada como estratégia para tentar se manter no poder. As correntes de esquerda afirmam que esse é o caminho correto para você tentar reduzir a desigualdade do país. As duas estão corretas, porém isso incomodou um pouco as camadas mais ricas da sociedade venezuelana.”

Sobre como o falecimento do ex-presidente venezuelano pode cair no vestibular, o professor Alexandre aponta três questões: os efeitos disso na relação comercial da Venezuela com o Brasil, na política com os Estados Unidos, e como isso deverá ser resolvido após a eleição de um novo presidente. “No vestibular, meu maior palpite é para o mercado. Como isso irá afetar o comércio Brasil-Venezuela. Os dados mostram que, da nossa relação de superávit comercial com a América do sul, uma parte relevante é com a Venezuela. Nos perguntamos agora se isso continuará assim com a entrada de um novo presidente no governo.”

Além disso, a questão das relações geopolíticas, principalmente dos Estados Unidos com a Venezuela, pode ser cobrada. Alexandre lembra que Chávez sempre foi um crítico duro em relação aos Estados Unidos, principalmente com relação ao governo Bush, também atacando o governo de Obama após sua eleição. Mas ressalta que Obama se mostra disposto a se aproximar mais da Venezuela, indicando uma possível abertura para o governo que irá se instalar, pois apesar dos atritos envolvendo os dois países, os Estados Unidos não puderam cortar as relações com a Venezuela por causa do petróleo, a maior riqueza do país.

“Eu acho que esses são os pontos principais que o vestibular pode explorar com o falecimento de Chávez. Há uma possibilidade, também, de cair questões relacionadas a poder, eleição, ditadura populista. A Uerj, principalmente, que gosta de trabalhar com questões mais voltadas para o social, pode explorar muito bem essa questão da melhoria de alguns aspectos sociais na Venezuela durante o Chavismo, desde 1999”, disse o professor de de geografia do CEL, chamando atenção sobre o que o ex-presidente venezuelano representava para a América Latina em geral e como isso pode ser explorado no vestibular.

“O que aconteceu desde 1999 foi que, num primeiro momento, o governo de Fernando Henrique Cardoso não tinha muitas relações com Chávez, então houve um período de resistência. Com a eleição do ex-presidente Lula, e por ele ser de esquerda, houve uma aproximação do presidente Venezuelano, mas ao mesmo tempo Chávez enxergava o Brasil de duas formas: como um aliado comercial importante, mas com um certo receio de nosso poderio comercial. Daí a ideia do Chávez de liderar a Aliança Bolivariana das Américas, que era uma forma dele tentar conter o avanço comercial do Brasil dentro do Mercosul.”

É aí, de acordo com o professor, que entra a questão da necessidade comercial. Alexandre explica que o Brasil tem uma postura comercial agressiva na América do Sul, e Chávez sempre criticou essa atuação, porque essa atitude vinha causado problemas diplomáticos com economias de países vizinhos como a Argentina, que devido à competição com o país, viu sua indústria de couro entrar em colapso. “Chávez lutava muito contra isso, mas como o Lula foi sempre muito conciliador, essa relação foi muito positiva no geral. A presidente Dilma trabalhou na  continuação dessa boa relação com a Venezuela. Acredito que a relação com esses blocos econômicos seja tema de alguma questão.”

O professor também acredita que a questão será explorada de diferentes formas. O Enem, por exemplo, tem formado de prova objetiva, enquanto o vestibular da Uerj se vale de questões discursivas, onde, além de o candidato demonstrar o conhecimento precisará expressá-lo de maneira concisa. “Acho que no vestibular da Uerj, por exemplo, as questões de Geografia têm um caráter de profundidade maior. No Enem, as questões costumam ser mais generalistas. O aluno do Enem têm que se concentrar principalmente no que está acontecendo em relação à Venezuela na mídia, mas com muita cautela, pois o aluno tende a pegar informação da mídia e acreditar como verdade. Eu sempre falo pra eles que o interessante é a consulta de várias mídias com posições diferentes, e aí podem cair definições simplistas como por exemplo ‘O que significa Alba?’ É Alianção Bolivariana das Américas. Acho que o Enem cobra essas questões mais gerais, enquanto a Uerj pode aprofundar mais alguns temas, como a relação comercial com o Mercosul e o papel da Venezuela dentro do Mercosul.”

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